quinta-feira, 29 de maio de 2008

Ética

Refletir sobre a concepção ética de Aristóteles requer alguma investigação sobre seu modo de conceber a política. Para nós, sujeitos do Brasil dessa inflexão entre o século XX e XXI, ética e política são dois termos quase contraditórios. Daí decorre alguma dificuldade para se pensar uma possibilidade ética que, por ser projetada em relação à esfera social e, portanto, à esfera pública, constitui um alicerce para apreender a cosmovisão do autor. Em ambos o caso – ética e política – tratava-se de postular a obtenção da virtude. Compreendendo o homem como um animal político, para os gregos, a idéia de política - “quer radique na natureza quer nas convenções – prende-se à acepção de liberdade, de ausência de um senhor” (RUSS, 1997, p.40). Como destaca Victoria Camps, o protótipo do virtuoso em Aristóteles seria um suposto ser ativo; ou seja, “a ação que leva a cabo inclui uma dose de contemplação e de teoria, mas não é contemplação pura, a qual seria privativa dos deuses e não de humanos para quem a ação é inevitável” (CAMPS, 1996, p.92). Por política compreendia-se, pois, a forma de vida que melhor corresponde à condição humana, embora, paradoxalmente, a atividade superior resida no campo da teoria pura: “o sujeito da virtude é o homem público, posto que a vida privada carece de interesse: é idion, idiota. Os homens são, sobretudo, cidadãos; encerrados em si próprios, não viveriam uma vida racional nem humana” (CAMPS, 1996, p.93).

Apreender a idéia aristotélica de ética requer, de qualquer maneira, algum deslocamento de nosso modo usual de perceber o tema. Para Aristóteles, o objetivo da ética era a felicidade. A felicidade, para ele, era a vida boa; e esta corresponderia – como veremos adiante – à vida digna. Nessa direção, haveria uma subordinação da ética à política: “os tratados éticos e os tratados políticos pertencem a um mesmo estudo, classificado como política” (RUSS, 1997, p.39).

Aristóteles (384-322 a.C.) viveu na Grécia do século IV a.C. Nasceu em Estagira, na Macedônia. Seu pai, que morreu quando Aristóteles ainda era criança, chamava-se Nicômaco e ocupou o posto de médico do rei da Macedônia. Muitos estudiosos atribuem a essa origem familiar o interesse de Aristóteles por assuntos relativos às ciências naturais. Muito jovem, Aristóteles entrou, aos dezessete anos, na Academia de Platão, onde permanece por vinte anos; embora sua doutrina filosófica se caracterizasse pela independência, distanciando-o de seu mestre. Após a morte de Platão, Aristóteles deixa a Academia e, alguns anos mais tarde, é convidado por Filipe, rei da Macedônia, para tomar a frente da educação do jovem Alexandre, herdeiro do trono [1] . Quando Alexandre assume o poder, Aristóteles regressa a Atenas, após mais de dez anos de ausência. Fundaria, então, o Liceu, escola onde ensina até 322, quando – após a morte de Alexandre da Macedônia em 323 – seu antigo mestre é “forçado a deixar Atenas por causa de uma explosão de sentimentos antimacedônicos” (LUCE, 1994, p.114).

No Liceu, além de tarefas relativas ao ensino, Aristóteles se dedicaria ao estudo e à sistematização de seus cursos, para os quais - segundo Rodolfo Mondolfo - recolhia também materiais de teorias filosóficas anteriores (MONDOLFO, 1973, p.7). Consta que o Liceu de Aristóteles, além do edifício que o constituía, era célebre por seu jardim, ao qual se acoplava uma alameda para caminhar; que os contemporâneos chamavam de peripatos: “passeio por onde se anda conversando, motivo pelo qual a escola aristotélica foi chamada peripatética, seja como referência à alameda, seja como referência ao fato de que Aristóteles e os estudantes passeavam por ali discutindo animadamente filosofia” (CHAUÍ, 2002, p.336).

Durante a Idade Média, o corpus aristotelicus passaria para a Biblioteca de Alexandria, mantendo-se – como informa Marilena Chauí – “do lado bizantino do Império Romano. Como conseqüência, o corpus acabou sendo conservado, lido e traduzido pelos pensadores árabes” (CHAUÍ, 2002, p.341). Foi, então, por intermédio da presença dos árabes no Ocidente que grande parte do pensamento aristotélico chegaria até nós [2] .

Acerca da reflexão ética de Aristóteles, Jaeger considera a necessidade de apreensão de sua Ética a Nicômaco e de sua Ética a Eudemo, posto que outros textos também concernentes ao tema da ética constituiriam mais provavelmente coleções organizadas e classificadas de excertos ou estratos das duas obras acima referidas. Na prática – destaca Jaeger – teria ocorrido nítida predominância dos estudos centrados sobre a Ética a Nicômaco, em virtude do fato de seu texto ser compreendido usualmente como um trabalho superior e posterior à Ética a Eudemo, tanto “na construção, na clareza do estilo e na maturidade do pensamento” (JAEGER, 1995, p.262). Neste trabalho, temos a intenção de investigar, pela apropriação do discurso ético de Aristóteles, expresso em sua Ética a Nicômaco, algumas categorias que reputamos interessantes e factíveis para se pensar o ato de educar. Nesse sentido, procuraremos mobilizar do pensamento aristotélico alguns conceitos, tomados, nesta oportunidade, como categorias operatórias. Tais conceitos são basicamente os seguintes: virtude; justo meio; discernimento; equidade; e amizade.

Em sua Política, Aristóteles, reportando-se á Ética, destaca que sua idéia de felicidade alia-se à identificação do melhor governo, compreendendo-se este melhor governo como “aquele em que cada um melhor encontra aquilo de que necessita para ser feliz” (ARISTÓTELES, Tratado da política, p.45) Um Estado só pode ser feliz – nos termos de Aristóteles – caso se mantenha nele virtude e prudência. Na vida coletiva, assim como na conduta individual, Aristóteles entende o hábito como o grande princípio regulador da ação. Como sublinha sobre o tema Solange Vergnières, Aristóteles situa o ethos como o regulador, o princípio e o fim da conduta: “adquire-se tal ou tal disposição ética agindo de tal ou tal maneira... O caráter não é mais o que recebe suas determinações da natureza, da educação, da idade, da condição social; é o produto da série de atos dos quais sou o princípio. Posso ser declarado autor de meu caráter, como o sou dos meus atos” (Vergnières, 1999, p.105).

No Livro II da Ética a Nicômacos, há um trecho que expressa, de maneira exímia, o intuito, o propósito, o objeto e o sujeito do estudo da ética:

“Estou falando da excelência moral, pois é esta que se relaciona com as emoções e ações, e nestas há excesso, falta e meio termo. Por exemplo, pode-se sentir medo, confiança, desejos, cólera, piedade, e, de um modo geral, prazer e sofrimento, demais ou muito pouco, e, em ambos os casos, isto não é bom: mas experimentar estes sentimentos no momento certo, em relação aos objetos certos e às pessoas certas, e de maneira certa, é o meio termo e o melhor, e isto é característico da excelência. Há também, da mesma forma, excesso, falta e meio termo em relação às ações. Ora, a excelência moral se relaciona com as emoções e as ações, nas quais o excesso é uma forma de erro, tanto quanto a falta, enquanto o meio termo é louvado como um acerto; ser louvado e estar certo são características da excelência moral. A excelência moral, portanto, é algo como eqüidistância, pois, como já vimos, seu alvo é o meio termo. Ademais é possível errar de várias maneiras, ao passo que só é possível acertar de uma maneira (também por esta razão é fácil errar e difícil acertar – fácil errar o alvo, e difícil acertar nele); também é por isto que o excesso e a falta são características da deficiência moral, e o meio termo é uma característica da excelência moral, pois a bondade é uma só, mas a maldade é múltipla” (ARISTÓTELES, Ética a Nicômacos, p.42)

Por virtude, Aristóteles compreende uma prática. A virtude não é, portanto, natureza; e não haveria um aprendizado suficientemente eficaz para garantir a ação virtuosa. A virtude, contudo, seria a forma mais plena da excelência moral; e, por tal razão, não poderia existir em seres incompletos ainda em formação, como as crianças. A excelência moral, revelada pela prática da virtude, seria, antes de tudo, uma disposição de caráter. Para o exercício da virtude seria, pois, necessário conhecer, julgar, ponderar, discernir, calcular e deliberar. Ao contrário da tradição socrática e platônica, não seria o mero conhecimento do bem que poderia dirigir a ação justa. A virtude, como excelência moral, corresponderia à idéia de uma razão reta relativa às questões da conduta. Ora, tal disposição do caráter humano teria por suposto a precedência de uma escolha dos atos a serem praticados; e de um hábito firmado pela repetição para conduzir a ação reta. Nesse sentido, pode-se dizer que, na Ética de Aristóteles, virtude é hábito – hábito construído pela contigüidade da relação potência e ato:

“... em relação a todas as faculdades que nos vêm por natureza recebemos primeiro a potencialidade, e, somente mais tarde exibimos a atividade (isto é claro no caso dos sentidos, pois não foi por ver repetidamente ou repetidamente ouvir que adquirimos estes sentidos; ao contrário, já os tínhamos antes de começar a usufruí-los, e não passamos a tê-los por usufruí-los); quanto às várias formas de excelência moral, todavia, adquirimo-las por havê-las efetivamente praticado, tal como fazemos com as artes. As coisas que temos de aprender antes de fazer, aprendemo-las fazendo-as – por exemplo, os homens se tornam construtores construindo, e se tornam citaristas tocando cítara; da mesma forma, tornamo-nos justos praticando atos justos, moderados agindo moderadamente, e corajosos agindo corajosamente. Essa asserção é confirmada pelo que acontece nas cidades, pois os legisladores formam os cidadãos habituando-os a fazerem o bem; esta é a intenção de todos os legisladores; os que não a põem corretamente em prática falham em seu objetivo, e é sob este aspecto que a boa constituição difere da má.” (ARISTÓTELES, Ética a Nicômacos, p.35-6)

Maurício

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Ética

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Será que os políticos sabem da verdadeira importância da ética?

Será que nós mesmo sabemos?

Consumismo

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Consumismo
(Xeg)

AAAAAAAAAAI
É a força da marca (farsa)
O que é que se passa? Lei do consumo carraça humana .. desgraça
Não interessa o que és, nem O que fizeste o mais importante é o carro que andas e a roupa que vestes
A pessoa moderna tá cada vez mais rupestre
grupos de jovens afirmam-se com roupas, óculos, télemoveis, bens materias futeis
Pensamentos ilógicos fazem deles uns inuteis
O pai paga o carro, a roupa, gasolina, as festas, saídas, prendas pá menina
Há quem nada tenha mas mostre pa mostrar que tem
Fazem vida de pobre, trocam comida por bens
Visíveis aos olhos dos outros, é a atracção do consumo, o sufoco, a puderação do oco
Pagamento sem troco, não pertenço a essas gentes previsíveis, eu jogo noutros níveis
Avalia pelo que sou não pelo dinheiro que tenho
No caminho que vou podes largar que eu não apanho
Tenho pessoas que gosto, rimas, batidas e flow
Não preciso de mostrar aquilo que já sei que sou
Se curtes, curtes, se não curtes baza, o CD manda fora, em concerto vai pra casa
Será que tou entendido? será que me esclareci?
Ou será que só vais começar a curtir da minha musica quando começares a levar com ela na MTV?
Refrão:
Isto é o ConSumo... Consumismo
Com isto tudo nós não vimos
Lutamos, matamos num processo irracional
Valorização do Material
Porque é o Material ... Materialismo
Mantemo-nos ou caímos
Lutas e Guerras num processo irracional...
Valorização do que é banal
Vivemos em Capitalismo consumo fanatismo
Ter é poder e quem não tem cai no abismo
(...) os bens primários outros gajos são fortuitos
naquilo que é desnecessário
O mundo vai girando está todo ao contrário... e quem o pode mudar nem sequer faz comentários
Jovens esquecem a sonhar, a pensar o seu fio de ouro
Roupa cara, sapatos de couro, carro descapotável, cabelo pintado de loiro
esquecendo-se que é cá dentro que está o tesouro..
Porque é cá dentro ... o que realmente valemos
porque aparências ... não passam disso mesmo
Fazer-se passar por aquilo que não se é
uns acreditam no Material e fazem-no com fé
Essa é a filosofia cada vez mais Wack
As pessoas tão a ficar vazias como as letras dos Mind Da Gap
Há quem se ache superior tem muitos bens materiais
influenciado pela campanha da TV e dos jornais
Compre mais compre mais mesmo que não precises
Muitos julgam saber tudo mesmo sendo aprendizes
Só que eu paro este movimento como um B-Boy numa freeze
Pára pensa ouve reprensa Rewind
O consumismo não compensa
Inserir num estilo de vida onde o material é tudo
Ignorancia das massas que me faz sentir (...)
que rimA para uma plateia de surdos
Dá valor aquilo que é futil e aquilo que é absurdo
Tou-me a cagar pó estilo e para a roupa de marca porque aquilo que eu dou valor tá no interior da arca
Mandando rimas cá pa fora tal como aprendi
Criticando esta sociedade na qual eu nunca me inseri
Refrão:
Isto é o ConSumo... Consumismo
Com isto tudo nós não vimos
Lutamos, matamos num processo irracional
Valorização do Material
Porque é o Material ... Materialismo
Mantemo-nos ou caímos
Lutas e Guerras num processo irracional...
Valorização do que é banal

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Peço desculpas pelo linguajar informal contido na música.
Mas essa é a pura realidade do consumismo atual.


Bem estar

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Bem-estar é o que promove a saúde e a renovação da mente, do corpo e do espírito.

Qualidade de vida

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Qualidade de vida é mais do que uma boa saúde física ou mental. É estar de bem com você mesmo.

Alienação

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Alienação
(Raimundo Oliveira)

maldita sociedade alienada
não quer saber de nada
so a aparência é o que importa
o conteúdo não tem mais valor
a sociedade vive da moda
vive da forma
bis
da alienação da televisão
na imaginação
o conteúdo é tudo
a aparência é nada
as pessoas não têm mais valor
são tratadas como robôs
todo mundo tem que ser igual
e pensar igual
até parece que são clones
alienação rotulação da população
alienação da televisao na população
porra de socialite porra de televisão

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Peço desculpas pelo linguajar informal contido na música.

Mas essa é a pura realidade da alienação.

Consumismo

O consumismo pode ser definido como o ato de consumir produtos ou serviços sem consciência ou necessidade, diferentemente do consumo simples onde apenas se consome o que se precisa .
A origem do consumismo atual, tem, talvez, como principal culpada, a revolução industrial que possibilitou a produção em larga escala, diferentemente da produção artesanal. Com um grande numero de produtos, o mercado evolui impulsionado pelo ciclo comercial e inicia-se um “culto” ao supérfluo.
Na sociedade contemporânea, o consumismo ganhou muito mais força, devido a influência exercida pelo marketing e meios de comunicação, gerando, por exemplo: a “venda de marcas” e não de produtos, além da potencialização exponencial do “culto” ao supérfluo. Muitas vezes o consumismo chega até mesmo a nível patológico, fazendo com que pessoas comprem compulsivamente coisas sem utilidade.
Socialmente o consumismo também torna-se fonte de violência, a partir do desejo da obtenção de certo produto, muitos roubam, mesmo sem precisar disso.

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Filósofo
Uma das pessoas que mais falou sobre o consumismo, foi Jean Baudrillard(1929-2007). Sua biografia, é de difícil acesso, devido, principalmente, a falta de documentos em relação a ele, e a sua personalidade extremamente reservada. Baudrillard, em suas teorias, contradizia o discurso da “verdade absoluta”. Baudrillard sempre comentava assuntos polêmicos, como o ataque terrorista de 11 de setembro as torres gêmeas e a Guerra do Golfo. Influenciado por grandes sábios como Sigmund Freud, Karl Marx e Friedrich Nietszche , sua obra prima foi o “Sistema de Objetos” publicado em 1968.

Estanislau